sábado, 18 de dezembro de 2010

Folhagens




Gil Mário, 80x80 cm, ast, 2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

50 Anos de Arte na Bahia por Matilde Matos


A crítica de arte Matilde Matos lançou no dia 18 de novembro de 2010, no Palacete das Artes Rodin Bahia, em Salvador, um dos mais importantes registros das artes plásticas nestes últimos 50 anos. Raimundo Oliveira, César Romero, Washington Falcão, Gil Mário, Juraci Dórea, Guache Marques e Caetano Dias são os feirenses que estão entre oitenta artistas baianos que compõem o livro “50 Anos de Arte na Bahia”.
A publicação com acabamento de luxo e impressa em papel couchê fosco, vem ocupar um lugar inédito na literatura das artes na Bahia, que não possui nenhum outro título ilustrado sobre o tema. O trabalho é da Editora baiana EPP.





segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Arremessador de Peso



A escultura “Arremessador de Peso” foi criada como trabalho da Pós-Graduação em Artes Visuais: Cultura e Criação do SENAC

Arte Comestível 2010

Trabalho apresentado na Exposição Arte Comestível em Salvador-Bahia, no dia 16 de outubro de 2010, no Atelier Leonel Mattos. Comemoração do Dia Mundial da Alimentação

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O elogio da Natureza na Pintura de Gil Mário

“... É como se uma presciência lhe desse um sentido exato dos motivos sem a necessidade de desenhá-los. A relação dialética entre os elementos plásticos: as linhas, as cores magistrais, as formas e os brancos na vegetação onde os pássaros se escondem, é atraente, equilibrada, assegurando a qualidade e preservando o encantamento da natureza nas plantas e pássaros do sue belíssimo semi-árido.” (Matilde Matos, Salvador/2000)


Gil Mário por Edivaldo M. Boaventura
Saudação
O professor Gil Mário de Oliveira Menezes entra, nesta Academia, como se fosse o prolongamento natural da casa de seu avô Áureo Filho e de sua mãe a professora Maria Cristina, a nossa querida Marinita.
A destinação para o ensino começou bem antes do seu nascimento. Sim, nascido e criado em uma família de educadores, você aceitou o chamado para o ensino e para as artes.
Em linha direta, são três gerações de educadores que se encontram nesta noite e que se sucedem: Áureo de Oliveira Filho, seu avô, um dos nossos patronos; Marinita, sua progenitora, uma das fundadoras deste sodalício; e, agora, você, Gil Mário, é o recipiendário, aquele que ingressa em um sodalício, esperado e confirmado pela eleição que consagra.
Todos três, avô, filha e neto, estão presentes nesta Companhia.
Todos três são cidadãos prestantes da comunidade feirense e construtores de sua educação.
Vejamos a primeira geração. Com a criação do Colégio Santanópolis, Áureo Filho firmou um marco indelével da educação secundária, formando gerações de jovens e atraindo alunos de toda a Bahia.
A bem dizer, com o Santanópolis de Feira, o Colégio Evangélico do Município de Wagner, o Colégio Taylor Egídio de Jaquaquara, o Ginásio Municipal de Ilhéus e o Clemente Caldas de Nazaré pontuou-se, pioneiramente, de estabelecimentos de ensino médio as interioridades.
O ensino médio concentrava-se até então, em Salvador, sendo que de 1836, com o Liceu Provincial, até 1947, quando começaram os ginásios de bairro , contávamos apenas com um único colégio público secundário na Bahia, o Ginásio da Bahia, além das Escolas Normais.
Como é notório, antes do Santanópolis, o governo Góes Calmon criou a Escola Normal, em 1925, em Feira. Contribuição importante para a formação de professores primários, era prefeito Arnaud Silva.
A propósito examinei uma dissertação de Mestrado em Educação sobre a Escola Normal e as normalistas, do professor Antônio Roberto Seixas da Paixão da Uefs, intitulada Mestras do Sertão (1999)
E bem antes da Escola Normal e do Colégio Santanópolis tivemos as escolas públicas do ensino fundamental e de primeiras letras, no final do século XIX e início do XX, demonstração da política de educação da República. O imponente prédio da antiga Escola Normal, onde hoje funciona o Centro Universitário de Cultura e Arte ( Cuca ), atesta a importância que foi dada à educação primária , como também os edifícios das Escolas Maria Quitéria e João Florêncio Gomes. Construções ligadas às administrações municipais de Agostinho Fróes da Mota e Bernardino Bahia.
Dentre as muitas professoras do início do século XX, destacava-se a exímia Isaura Paiva, que presenteou meu pai com a famosa obra do conde de Afonso Celso , Porque me ufano do meu país , em 26 de novembro de 1915. O título do livro foi responsável pelo tão falado ufanismo brasileiro.
O Ginásio Santanópolis elevou o nível intelectual e quebrou a monotonia educacional da cidade com a presença agitada e irrequieta dos estudantes. A partir de trinta, passou de ginásio a colégio com a última reforma Capanema. Inovou no ensino e estimulou a cultura de diversas maneiras. Lembre-se que a primeira exposição do pintor feirense Raimundo Oliveira foi no Santanópolis, antes da realizada no saguão da Prefeitura Municipal em março de 1951.
As escolas públicas republicanas, a Escola Normal e o Colégio Santanópolis são registros da memória e indicações de pesquisa para a história da educação da Feira. História não tão somente das instituições, mas também das lideranças, cujos nomes patrocinam as cadeiras desta Academia.
Poucos fizeram tanto pela educação, em Feira, como Áureo Filho, estendendo a sua luta pelo ensino onde estivesse, em nossa terra, em Salvador, na Assembléia Legislativa da Bahia, na presidência do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino e, principalmente, na criação da Universidade, iniciativa do governador Luiz Viana Filho, em resposta à inquietação comunitária de base.
Dando continuidade à tradição educacional familiar, no seio da qual nasceu Gil Mário, a elite intelectual da época participou do magistério do Santanópolis. Assim, sublinho o esforço das professoras Edelvira Oliveira, no ensino do Português, e Hermengarda Oliveira, no Desenho e Trabalhos Manuais. Recordemos Dival Pitombo, em História, Gastão Guimarães, em Língua Portuguesa, Pedro Américo, em Francês, Honorato Bonfim e o Joselito Falcão Amorim, em Matemática, um dos nossos titulares. Sucedeu ao professor Áureo Filho, na direção do colégio, o seu filho Evandro Oliveira e a professora Cleoilda Oliveira. O Colégio funcionou de 1933 a 1983, meio século de serviço à educação.

Minhas Senhoras e Meus Senhores
A segunda geração personifica-se na professora Maria Cristina de Oliveira Menezes, licenciada em História Natural, pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia, aluna dos professores Jones Seabra, de Zoologia Animal Comparada, Alexandre Leal Costa , Cora Pedreira e de outros mestres da Biologia .
Ensinou e dirigiu colégios em Salvador e integrou o corpo docente da Faculdade de Formação de Professores, dita Faculdade de Educação de Feira de Santana, uma das quatro escolas superiores estaduais criadas para formar professores em Vitória da Conquista, Alagoinhas e Jequié. Pelo governo Luiz Viana Filho, na gestão do secretario Luiz Navarro de Brito. Com essas quatro faculdades, iniciava-se a interiorização da educação superior estadual.
Implantados os Cursos de Letras e de Estudos Sociais, restava, contudo, a instalação do Curso de Ciências, coordenado pela professora Maria Cristina Menezes, quando assumi a Secretaria de Educação e Cultura , em 1970. Mas para que funcionasse o Curso de Ciências era indispensável o Laboratório. Trabalhamos juntos, a coordenadora do curso, professora de Biologia , e o secretário de Educação , para fazer funcionar o Curso de Ciências . Autorizei à coordenadora que fosse a São Paulo adquirir o Laboratório, na Funbec, fundação vinculada à UNESCO, com a assessoria da professora Julieta Armstrog.
Marinita fez tudo da melhor maneira possível. Assim, a Faculdade de Educação de Feira de Santana recebeu o primeiro Laboratório de Ciências, moderno e completo. Diligenciamos para que o Curso de Ciências e a Faculdade contassem com os recursos exigidos para funcionar. A sua experiência no ensino das Ciências e o conhecimento especializado de Biologia asseguraram o pleno êxito do Curso.
Anos depois, quando voltei do estágio e pesquisa no Instituto Internacional de Planejamento da Educação (IIPE) , na França, Marinita me comunicou que eu tinha sido escolhido paraninfo da primeira turma do Curso de Ciências da Faculdade de Educação, sendo o orador o atual secretário de Educação da Feira, meu prezado afilhado de formatura e confrade José Raimundo Azevedo, uma das lideranças educacionais que integra este sodalício.
Confreiras e confrades,
Com Gil Mário, manifesta-se a terceira geração de uma família compromissada com o ensino. Consciente dessa bela trajetória familiar e institucional de busca da causa da educação em nossa terra, tomei a iniciativa de propor o professor Gil Mário de Oliveira Menezes para membro do nosso grêmio, levando em consideração a experiência com os problemas do ensino e os seus longos anos de magistério, combinados com a sensibilidade para as artes plásticas. Educação mais uma vez e sempre com cultura. Proposta aceita pelos confrades, elegemos Gil Mário para a cadeira de número 21.
Gil Mário principiou o magistério com a disciplina de Desenho, no Centro de Educação Técnica da Bahia (Ceteba), em 1970. Tinha 23 anos. Soma, portanto, quarenta anos de experiência docente, dos quais trinta e quatro na rede estadual do ensino médio. Não somente Gil Mário, mas também a sua prima Ludmila de Oliveira Holanda Cavalcante pertence à terceira geração dos descendestes ilustres de Áureo Filho. Ludmila com atualíssima tese de doutorado em educação , que examinei, contribuiu para a pedagogia da alternância da família-escola no semi-árido de Monte Santo.
Com a implantação dos ginásios polivalentes, Gil Mário foi selecionado para realizar a Licenciatura em Educação Física, em Recife, na Universidade Federal de Pernambuco, visto que a Bahia não possuía a época curso superior de Educação Física. A participação no Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Médio (Premen) exigia que todos os seus docentes fossem habilitados em licenciaturas.
Além da graduação em Educação Física é também licenciado em Desenho e Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), atendendo à sua inclinação para às artes , em especial , para a pintura . Presentemente, cursa a pós-graduação em Artes Visuais, Cultura e Criação.
Depois dos anos de experiência docente em Salvador, veio ensinar em Feira. Como diplomado em Educação Física, o seu nome constou da relação dos professores propostos para o processo de autorização de funcionamento da Uefs, pelo então Conselho Federal de Educação. Quando do exame do processo, o relator conselheiro Newton Sucupira, destacou-o por ser professor formado de Educação Física formado por uma Universidade Federal. Dessa maneira, o seu nome foi aprovado como professor titular fundador da Uefs e assim começou o magistério superior, juntando os anos de experiência com o ensino médio.
Como seu avô, Áureo Filho, que tanto lutou pela Universidade, no exercício de sua reconhecida liderança, igualmente como sua progenitora, Gil Mário serve á UEFS como professor e incentivador das artes, realizando um trabalho excepcional de promoção artística da maior importância para a comunidade.
Há 34 anos que Gil Mário trabalha na Universidade , ensinando, pesquisando e promovendo-a de diversos modos, com exposições, artigos e vários estudos. A competência e a sensibilidade artística alinham-se a experiência docente para o serviço da comunidade. Múltiplas têm sido as designações e iniciativas das quais podemos destacar algumas.
Assumiu a assessoria cultural do Cuca e participou da implantação da Galeria de Arte Caetano Veloso, em Santo Amaro, transformada depois em Museu. Participou do intercâmbio entre o Museu de Arte Moderna e o Museu Regional de Arte de Feira, do qual resultou a exposição da famosa coleção dos artistas ingleses em Salvador. Assim compõe a Academia de Letras e Artes e o Instituto Histórico e Geográfico de Feira de Santana
Intensas têm sido as suas atividades como crítico de arte nos jornais NoiteDia e jornal Folha do Estado da Bahia com inúmeras realizações na área das artes plásticas , participando de exposições individuais e coletivas.
Como observei em uma de suas exposições, Gil Mário sempre foi um inclinado para as artes plásticas. Desde muito cedo que desenha e constrói com linhas e ângulos. Ao artesanato das maquetes, acrescentou a técnica do desenho e os segredos da plástica, que cada dia mais aperfeiçoa para atingir o ponto da possibilidade que emociona. Assim, experiências concretas e precoces manifestações engendraram o artista que cada vez mais se revela no traço, na forma do objeto, na figura, enfim, que sabe tão bem construir. É conhecedor das angulações suaves, bem sombreadas, matizadas e jogadas com estilo. Firmou-se como um notável figurativista.
A pintura de Gil Mário é bem característica e inconfundível com manifestações surrealistas, como notou o crítico Carlos Eduardo da Rocha. Com a temática da flora e da fauna, de aves e plantas, faz o encontro maravilhoso desses dois mundos e chega, com igual perfeição, à figura humana.
Mas o bom, o excelente mesmo de sua pintura é saber conquistar o espaço com cores harmônicas como o rosa e o verde em tons combinados, com asas e palmas que se harmonizam para formar o conjunto nuclear do seu trabalho . Asas e palmas que se espalham num espaço que ele cria e recria com uma pintura que cada vez mais se afirma pelo trabalho e pelas buscas constantes.
Meus caros senhores,
O ingresso do professor Gil Mário Menezes, na nossa Companhia, é o reconhecimento pela sua já longa experiência docente, tanto no sistema estadual do ensino como na Universidade. Principiou como professor de Desenho e de Educação Física e transcendeu o magistério com o brilho, o talento e as cores das suas obras de arte como pintor e promotor da cultura.
A Academia de Educação de Feira de Santana, confirmando o reconhecimento de valores, recebe o professor Gil Mário, herdeiro de expoentes de nossa educação e fomentador de novos cenários marcados com a centelha da criação artística.
A cidade tem se distinguido com a criação dos seus monumentos em homenagem a Georgina de Melo Erismann e ao Caminhoneiro. Gil Mário enche de novas formas e confirma de branco o vazio dos espaços urbanos.
È incrível como maneja o pincel e a sala de aula. Escreve a coluna e pinta suas plantas e seus animais. A sua escolha é uma homenagem ao seu marcante talento artístico combinado com as evidências pragmáticas do docente experiente.
Professor e pintor se complementam se harmonizam no mistério da criação, na combinação das cores e dos tons. Diria mesmo que é um privilégio poder tê-lo conosco em nossa Companhia. Venha, pois, meu caro amigo, já de muito que o esperamos e traga a sua Lígia e os seus três filhos, Alexandre, Catarina e Sunny.
Prezado acadêmico Gil Mário Menezes,
Esta é uma noite inigualável, única, singular. É o momento epitânico da chegada ao sodalício pedagógico da cidade. A Academia de Educação cultiva ao mesmo tempo o passado pelo exercício da memória e o futuro pela universalização do ensino em todos os níveis.
Como somos universitários, estrategicamente, formamos profissionais para o ensino infantil, fundamental, médio e superior, para todos os níveis e tipos de ensino formal, não-formal até mesmo para o informal a cargo da família, da profissão e da religião.
Devemos aumentar a escolaridade da faixa etária dos 17 aos 24 anos, ainda muito baixa na Bahia e no Brasil. A universalização da educação superior é uma determinação democrática deste século. Não mais a discussão se educação superior de elite ou de massa, mas educação superior para os da faixa etária correspondente
Enfim, é preciso ensinar tudo a todos, como prescreve Comenius.
Tudo o que você tem a fazer de agora em diante é acomodar-se na cadeira de número 21, patrocinada pela inteligência realizadora de Luís Viana Filho, que contribuiu enormemente para o crescimento moral e material de nossa Feira. Basta lembrar que ele decidiu criar a Uefs, confirmando antigo e acalentado desejo comunitário.
Sentando-se ao lado de colegas e professores, hoje, seus confrades, ficará mais uma vez próximo dos estímulos e dos carinhos de sua queridíssima mãe, nossa companheira Marinita.
Abracemos os dois acadêmicos, mãe e filho, na explosão da alegria, do contentamento e da convivência acadêmica.
Meu prezado Gil Mário, você ingressa, na Academia, como se fora a extensão de sua casa materna.
Seja bem vindo.
Bem haja.
Grato pela presença e mais ainda pela atenção.

Feira de Santana, 04 de agosto de 2010.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Novos acadêmicos na ACEFS

Dr. Luiz Viana Filho patrono da Cadeira de nº 21
A Academia de Educação de Feira de Santana, através de sua Presidente a professora Anaci Bispo Paim e do Vice-Presidente Dr. Geraldo Leite, convidam para a cerimônia de posse e diplomação dos seus novos Acadêmicos, o professor José Lima de Menezes, que ocupará a Cadeira número 10 a qual pertencia ao Dr. Fernando Pinto de Queiroz, hoje patrono da cadeira número 22. A Cadeira 21, criada recentemente, e homenageia o ex-governador da Bahia (1967) Dr. Luiz Viana Filho como patrono. Com fortes ligações com a cidade de Feira de Santana, ele deu o pontapé inicial para a criação da Fundação Universidade de Feira de Santana – FUFS, quando em 1969 fez publicar no Diário Oficial da Bahia o decreto nº 21.583 de 28 de novembro, sendo o primeiro decreto para o planejamento de uma universidade na cidade. Em seu artigo 4 constituía uma comissão composta pelos senhores Joaquim Vieira de Azevedo Coutinho Neto, Geraldo Leite e Maria Cristina de Oliveira Menezes para elaborar o ante-projeto da implantação da Fundação. “Hoje uma das mais expressivas Instituições de Educação Superior da Bahia e do país”.
É para esta Cadeira de nº 21 que eu, Gil Mário de Oliveira Menezes, terei a honra de ser diplomado no dia 04 de agosto de 2010, às 19h30min, no Teatro da Câmara de Dirigentes Lojistas de Feira de Santana na Praça Monsenhor Renato Galvão.



quarta-feira, 7 de julho de 2010

Gil Mario- "Sao Francisco de Assis", 100 x100 cm , ast , 2010 Coleção Bahia de Todos os Santos

A Teoria de Importantes Artistas Plásticos

Guernica, Pablo Picasso, 1937
A cada tempo as artes e a cultura registram ou expressam a evolução do homem, demonstrando que nos tornamos humanos, no sentido de sermos diferentes dos animais, pois, “somos capazes de transformar com criatividade o mundo em que vivemos”.
A arte coloca questões ao mundo, joga perguntas para as quais não há uma resposta pré-determinada, considerada certa, única. “Cada ser humano, cada indivíduo, reage aos estímulos da arte de forma particular e especial, de acordo com sua idade, experiência, sensibilidade, cultura e informação”. É um exercício de liberdade. É a linguagem da vida.
A busca pela liberdade plena surge com a prioridade da ideia sobre a técnica da produção. Dizem alguns críticos que Marcel Duchamp foi influente neste processo de liberdade, pois expôs uma roda de bicicleta presa a um banco em 1913 e declarou “a arte é um olhar amoroso sobre a vida”.
Os pensadores não param mais: Pablo Picasso (1881 – 1973) disse que “seus quadros eram páginas de seu diário, testemunhando a relação íntima entre a criação e a vida”.
O pintor Kandinsky (18866 – 1944) foi inovador quando optou pela pintura livre da preocupação figurativa e Miró (1893 – 1983) pretendia “expressar com precisão todas as fagulhas douradas que a alma solta”.
No Brasil, a Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, estabelece um tempo de liberdade total de criação, de pesquisa, de novos materiais, “de rompimento das regras já estabelecidas, de independência do realismo e da cópia da natureza”.
Na escultura, Alexandre Calder (1898 – 1976) criou os movimentos (móbiles ou stábiles). A partir de então as manifestações estéticas se alternam entre o fazer artístico e o conceito dos intelectuais: fouvistas, futuristas, cubistas, construtivistas, expressionistas, dadaístas, abstracionistas, concretistas, minimalistas e os que apresentam apenas conceitos, a ideia em direção da liberdade. No nosso estado, Bahia, a abstração formal (que lembra a forma) predomina.
O ponto de fuga das linhas da liberdade artística continua sendo o objetivo atual das artes plásticas em todo o mundo globalizado. Só não concordo com “all is pretty- tudo é bonito”, pois até na criação artística existe conceito de beleza e equilíbrio.







domingo, 6 de junho de 2010

Santo Antônio de Pádua

Santo Antônio (1195-1231)
Fernando era o seu nome de batismo, mas como Franciscano se tornou Santo Antônio de Pádua. Único herdeiro de Martinho, nobre pertencente ao clã dos Bulhões e Taveira de Azevedo. Conheceu, em 1221, São Francisco de Assis, seu mestre inspirador, um homem que falava com os bichos.
O Papa Gregório IX, o apelidou de “Arca do Testamento”. Em 1231, prega em Pádua a famosa quaresma, considerada o momento de refundação cristã da cidade. Suas últimas palavras: “Estou vendo o meu Senhor”.
O Papa Pio XIII declarou Santo Antonio Doutor da Igreja com o titulo de Doutor Evangélico. Ele dizia que “Deus é pai de todas as coisas. Suas criaturas são irmãos e irmãs e a paciência é o baluarte da alma ela a fortifica e defende de toda a perturbação”.

domingo, 23 de maio de 2010

Coleção "A Bahia de Todos os Santos"- Obra "São Cosme e São Damião"



" Acta e Passio, nomes verdadeiros de Cosme e Damião, foram irmãos – acredita-se que eram gêmeos – nascidos na Arábia no século IV. Desde muito jovens os irmãos tiveram tendências para a medicina, chegando a exercê-la quando adultos. Muitas fontes afirmam que eles estudaram medicina, outras apenas que eles a praticaram, mas todas afirmam que os irmãos não cobravam por isso. Com pais cristãos, usavam a cura como mecanismo de evangelização e caridade, levando aos doentes as palavras e ensinamentos cristãos. Por conta de seus conhecimentos científicos aliados à fé e aos ensinamentos, suas curas eram vistas como milagres. Por esse motivo, foram perseguidos e assassinados por ordem do imperador Diocleciano – um grande perseguidor da doutrina cristã da época, por feitiçaria e associações com o demônio.
Mandou que fossem barbaramente torturados por negarem-se a aceitar os deuses pagãos. Condenados à morte, resistiram milagrosamente a pedradas e flechadas. Em seguida, foram decapitados. O ano não pode ser confirmado, mas com certeza foi no século IV. Os fatos ocorreram em Ciro, cidade vizinha a Antioquia, Síria, onde foram sepultados. Mais tarde, seus corpos foram trasladados para uma igreja dedicada a eles.
Com sua morte os gêmeos se tornaram mártires e mais tarde santos, sendo nomeados pela Igreja Católica como São Cosme (que significa “o enfeitado”) e São Damião (”o popular”), num dia 27 de setembro, data em que se comemora o seu dia. Por associação, são os santos protetores dos médicos, farmacêuticos, gêmeos e crianças (nenhuma fonte é exata ao justificar esse último, dizem apenas que eles eram bons com as crianças).
No sincretismo religioso Cosme e Damião são os orixás Ibeji, filhos gêmeos de Xangô e Iansã, divindades protetoras do parto duplo, amigos das crianças e responsáveis por agilizar qualquer pedido em troca de doces – daí um outro costume que é o de distribuir doces para crianças no dia 27 de setembro. Os sete meninos”

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ocupação Artistica na Feira de São Joaquim

Trabalho de Gil Mário no projeto “Ocupação Artística na Feira de São Joaquim", em Salvador. Evento realizado em 14/05/2010, com curadoria do artista plástico Leonel Mattos.

Junto ao povo, as artes plásticas, cultura e educação se completam.


segunda-feira, 12 de abril de 2010

    Vitrine das Artes no Boulevard Shopping

A equipe do Boulevard Shopping estando à frente Viviane Freire, Silvana Monteiro e Ludmila de Oliveira produziram com competência mais uma significativa exposição de artes plásticas, a exemplo da exibida no Green Ville, sob os cuidados de Edson Piaggio. Artistas como César Romero, Juraci Dórea, Luís Humberto de Carvalho e Gil Mário foram convidados pelo empresário Edson Piaggio para produzir cinco trabalhos cada com o objetivo de expor para o grande público do Boulevard Shopping o que fazem de melhor. Com isso foi servido um coquetel de lançamento no dia 17 às 19 horas, dando início à mostra que ficará em exposição durante oito dias.
Segue alguns instantâneos do momento da abertura da mostra.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Quatro Vitrines Feirenses no Boulevard Shopping

Gil Mario- "Vegetação Brasileira XI", 100x100cm, ast, 2010

O Boulevard Shopping Feira abre dia 17 de março, às 19 horas, mais uma “Vitrine da Arte Boulevard”, com a exposição “Quatro Vitrines Feirenses”. Nesta 2ª edição do projeto participam os artistas Luiz Humberto de Carvalho, César Romero, Juraci Dórea e Gil Mário, com cinco obras de cada, entre esculturas e pinturas apresentando o que fazem de melhor nestes últimos 40 anos de profissão. Foram convidados pela extensa carreira profissional, testada em centenas de exposições e representando constantemente as artes plásticas na cidade de Feira de Santana e em outras plagas.
Luiz Humberto também curador da mostra é feirense de nascimento e arquiteto de profissão. Atualmente, agrega o que aprimora desde 1950 como atividade nata: as artes plásticas. Suas esculturas inovadoras engrandecem parques, jardins e museus nacionais. César Romero é médico, escritor e crítico de arte da ABCA. Mas é como autodidata nas artes plásticas que transmuta a Bahia em linha, forma e cor. Feirense desde 1950 fez suas “Faixas Emblemáticas” tramitar nacionalmente e internacionalmente entre galerias, museus e espaços culturais do mundo. Gil Mario é feirense há 62 anos e teve sua formação acadêmica através da Escola de Belas Artes da UFBA. Ostenta em seu currículo 24 exposições individuais e 95 coletivas. Seu trabalho mais importante é o “Monumento ao Caminhoneiro” em Feira de Santana. Juraci Dórea é feirense de nascimento (1944) e diplomado em Arquitetura pela UFBA. Como artista plástico, atua profissionalmente desde a década de 60. Sua forte ligação com o sertão prioriza formas da civilização do couro, marca registrada nos trabalhos espalhadas nos quatro cantos do mundo artístico, onde importantes premiações valorizam sua obra.
Uma bela iniciativa da equipe do Boulevard Shopping que sempre está valorizando o feirense com cultura, arte e lazer
 Publicado no Jornal Folha do Estado
Coluna Artegaleria de autoria de Ligia Motta/ Feira de Santana/2010

quarta-feira, 10 de março de 2010

Monumento a Georgina Erismann




Foto de ACM: Monumento a Georgina Erismann, de autoria do artista plástico Gil Mário

Esta escultura, intitulada “Liberdade de uma poetisa” pelas formas de asas alçando vôo, registra a criação mais enaltecida de Georgina quando elaborou o Hino a Feira de Santana.
Uma homenagem idealizada pelo Prefeito José Ronaldo de Carvalho que foi plantada na Avenida João Durval Carneiro no dia 02 de dezembro de 2008 em frente ao Shopping Boulevard demonstrando que Feira tem memória e retribui aos seus benfeitores, dando exemplo para futuras gerações.
O projeto é do artista plástico Gil Mário e tem as seguintes dimensões: altura 5.60m x largura 2.00m x comprimento 1.10m. Constam na parte inferior da escultura o Hino a Feira de Santana e o nome Georgina Erismann vazado na chapa.
Em 1927, Georgina formou-se em Magistério, sendo designada professora de música e canto da Escola Normal de Feira de Santana onde hoje, o prédio de 1916, instala o Museu Regional de Arte. Das atividades artísticas, consta a formação de um coral composto de alunas que em datas comemorativas faziam apresentações cantando hinos e composições da musicista. Já em 1928 faz o lançamento do hinário, e distribui com as alunas apresentando no primeiro aniversário da Escola Normal, sob sua regência o hino a Feira. As datas cívicas eram sempre comemoradas com sua participação.
Poetisa, declamadora, musicista, compositora, professora, pianista natural de Feira de Santana, filha de Camilo de Mello Lima e Leolinda Barcelar de Mello Lima. Georgina nasceu em 27 de janeiro de 1893, recebendo o nome na pia batismal de Georgina de Mello Lima.
Ao contrair matrimônio – 1926 – com o engenheiro Walter Tudy Erismann um dos hospedes da famosa Pensão Universal de seus pais, passa a assinar o nome artístico de Georgina Erismann. Coincidentemente o casamento foi realizado em oratório particular na residência da família Fróes da Motta tendo como padre Mário Pessoa – o casarão recentemente recuperado foi restaurado pela Fundação Senhor dos Passos e entregue ao feirense em noite festiva e admirável (2008).
O edifício Mandacaru, na Rua Conselheiro Franco era onde funcionava a antiga Pensão Universal. Outro prédio importante em sua trajetória artística foi o Cine Teatro Santana, localizado na Rua 24 de Maio esquina com a Rua Conselheiro Franco. Possuía um bom palco, camarins e vários camarotes. Nele foram exibidos grandes filmes. Várias apresentações filarmônicas, companhias teatrais, artistas da terra, campanhas políticas e etc.
Um sonho de Georgina, a Escola de Música já consolidada é transferida para o Ginásio Santanópolis onde aconteceu um ato solene no dia 01 de agosto de 1939.
Um festival magnífico pela variedade, pelo valor e pela excelente execução dos números, solenizou a instalação da Escola Oficial de Música de Feira no bem reputado estabelecimento de ensino que era o Ginásio Santanópolis.
Georgina teve que se transferir para o Rio de Janeiro e ao despedir-se proferiu um discurso solene onde faz alguns agradecimentos; em determinado trecho diz: “obedecendo ao destino, dentro de alguns meses terei de partir. E, nesta emergência de pleno acordo com a Diretoria do Instituto de Música da Bahia, convidei o nosso ilustre conterrâneo, Dr. Áureo de Oliveira Filho para substituir-me na direção da Escola de Música de nossa terra. Feirense entusiasta, espírito fulgurante, animador de todas as manifestações culturais, talento propenso aos grandes acometimentos e empresas audaciosas, tendentes ao engrandecimento de nossa Terra, julgo que foi muito bem escolhido o Dr. Áureo de Oliveira Filho para Diretor da Escola de Música.” Desta forma, Georgina se despede de Feira de Santana.
Essa pesquisa teve como fonte o Livro do escritor Carlos Alberto de Almeida Mello. A homenagem deve-se a persistência do Prefeito José Ronaldo de Carvalho em registrar e resgatar a memória das ilustres personagens feirenses que contribuíram para o engrandecimento desta Terra.

Por Ligia Motta
Critica de Arte do Jornal Folha do Estado/2008

terça-feira, 2 de março de 2010

O AFRO-BRASILEIRO NA PINTURA DE GIL MÁRIO


O artista plástico Gil Mário vem apresentando nas últimas exposições individuais, coleções temáticas por sugestões de galeristas, ou por necessidade de materializar o resultado das pesquisas envolvendo religiosida-de, forma, criatividade com característica própria e inédita.
Gil evolui, a cada conjunto apresentado, surpreendendo a crítica e destacando-se quando concorre a sele-ções públicas, como no caso da Caixa Cultural em Salvador, e agora em São Paulo-SP, na próxima exposição individual de número 21, além das 82 coletivas, sem fugir da maneira peculiar da abstração formal, a qual vem pontilhando sua criação pictórica.
Os projetos da Caixa Cultural são pleiteados por mais de mil artistas por espaço. De certa forma, os contem-plados são duplamente valorizados: pela intensa busca de seus concorrentes e pelo reduzidíssimo número de artistas selecionados.
Esta exposição que será realizada na Caixa Cultural, consta de 25 trabalhos distribuídos em telas de 50x50cm até 100x100cm, demonstrando o amadurecimento da criação plástica do artista, onde revela versatilidade e profusão de movimentos no colorido preferencial, envolvendo simbologias do sincretismo religioso afro-brasileiro, de maneira pós-modernista e sem o estereotipo das figuras tradicionais do Candomblé baiano. Certamente, marcará o estilo de maneira madura de um artista que versou sobre inúmeros temas durante seus 31 anos de exposições, o que poderia até, ter dificultado a identidade artística de sua obra.
Gil Mário tem sua base de produção “Atelier” em Feira de Santana, onde reside há 50 anos. Sendo um a-mante da cultura na cidade, tornou-se fundador do Instituto Histórico e Geográfico como membro do Con-selho Fiscal e da Academia de Letras e Artes. Dirige o Museu Regional de Arte e em 2005 recebeu o título de Ordem Municipal do Mérito de Feira de Santana, como membro regular, na classe de Oficial. É professor titular da Universidade Estadual de Feira de Santana desde a sua fundação em 1976.
Este é o momento de um incansável batalhador cultural, quando se refere à valorização das artes plásticas em Feira e no estado da Bahia.
LÍGIA MOTTA
Crítica de Arte do Jornal Folha do Estado da Bahia
Feira de Santana/2006

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Gil Mário "Nossa Senhora Padroeira de Feira de Santana ", ,100 x100 cm, AST,2010


Sobre as Festas e as Feiras
“O Tejo não é maior que o rio de minha aldeia” Fernando Pessoa

A obra artística de Gil Mário tem seus pilares construtivos na tradição da pintura ocidental como técnica de excelência no reino da visualidade e de seus intrínsecos compromissos com as manifestações da cultura popular de sua região de origem.

Nesse sentido, ele é responsável pela tradição do ofício do pintor, valorizando linhas, texturas, composições, áreas de luz e de sombra, investindo na beleza e nos mistérios das telas, tintas e pincéis. Percebe-se, em cada trabalho do artista o requinte, com as cores, com o equilíbrio das formas, com os planos distribuídos através de uma espécie de essência do traço, da gráfica que norteia seu trabalho.

Por outro lado, ele investe vigorosamente na temática nordestina, fazendo de sua pintura uma espécie de documentação livre e poética de algumas manifestações folclóricas da região que embasam o caráter sensível do povo brasileiro. Gil Mário trabalha, com precisão e sensibilidade, esse material que lhe é tão caro. Sua pintura, modestamente, coloca-se a serviço de seu povo, de suas crenças, seus mitos, suas lendas. E é esse tom respeitoso, encantado pelas cores das festas populares que permite ao artista superar o retrato e criar uma outra realidade poética, onde a harmonia e a clareza gráfica convivem com a vibração cromática. Natural de Feira de Santana, cidade cujo nome já harmoniza a troca, a festa e a religiosidade, o artista mantém na sua pintura a fidelidade com a sua cidade. Suas pinturas são ricas, vibrantes, cheias de cor e de movimento, como se estivessem a dançar permanentemente, encantando o olhar e mantendo acesa a chama da força e da beleza da pintura. Fiel aos espaços cubistas, através de cortes e secções que alteram as angulações e os cortes da cena, Gil Mário utiliza-se de certos recursos quase cinematográficos buscando com isso acentuar o ritmo e o movimento que caracterizam a sua temática.

O universo do artista é, antes de tudo, a poética, a valorização da arte como instrumento de congraçamento e de festa. Sem se ater a modismos, ele segue o seu rumo, a sua sina. O artista deve ir onde o povo está. "E foi assim, e assim será". E la Nave va...

Marcus de Lontra Costa
Critico de Arte-Rio de Janeiro –Agosto 2001

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Áureo Filho na "Serpentina"

O "Blog Demais" postou em 11 de fevereiro e o "Blog Santanópolis replicou no dia 14:
"Na revista "Serpentina", nº 1, de abril de 1941, editada por Pedro Matos, a foto legenda:"É com máxima satisfação que estampamos em nossas páginas o clichê do nosso amigo Dr. Áureo Filho, feirense ilustre, moço de uma cultura pouco comum, diretor do Ginásio Santanópolis, obra que muito tem concorrido para o engrandecimento desta terra que lhe serviu de berço e quiçá do Brasil”.

Referência  à Àureo de Oliveira Filho (1902-1976) por tratar-se do avó materno de Gil Mário

Áureo Filho teve sua formação acadêmica em Odontologia e foi deputado estadual por quatro legislaturas, sempre objetivando a melhoria da educação brasileira. Fundador do grande Colégio Santanópolis (primeiro do interior do estado) estimulava a pratica da cidadania, o desenvolvimento da ciência e como admirável orador, transformou essa qualidade em estimulo aos que se profissionalizavam a partir do Santanópolis: Governadores, Ministros de Estado, Secretários de Estado, Desembargadores, Conselheiros de Tribunais, Deputados, Prefeitos, Profissionais Liberais, Comerciantes, e Industriais.
“(...) Mais, não foi só no campo educacional que Áureo atuou. Como bom feirense, lutou, em várias oportunidades, pelo desenvolvimento da cidade: na batalha pela rede elétrica de Bananeiras; Paulo Afonso; pela água encanada; pela criação do Aeroclube, pela instalação do Matadouro Frigorífico, pela criação do Rotary Clube, pelo asfaltamento e duplicação da rodovia Feira Salvador, pela melhoria da rede telefônica a criação do Observatório Antares, pela criação da Universidade (UEFS) e por tantos outros empreendimentos pelo desenvolvimento de Feira de Santana.
Falar em algo que pudesse beneficiar sua cidade tinha em Áureo um grande aliado. A sua última batalha foi pela criação da Universidade de Feira ao lado de Fernando Pinto, Geraldo Leite, Wilson Falcão e Hugo Navarro através da  Assembléia Legislativa do Estado da Bahia e do Jornal Folha do Norte, seus grandes companheiros de ideal. Viu finalmente concretizado o seu grande sonho, na compreensão, na inteligência e no espírito público (...)". Prof. Joselito Falcão Amorim


Liderando a educação de Feira


Edivaldo M. Boaventura
Educado, escritor, presidente da Academia de Letras da Bahia.
Em linha direta, gerações de professores foram responsáveis pelo crescimento da educação em Feira de Santana. Certamente que muito favoreceu a proximidade de Salvador, que concentrava não somente quase toda a educação superior como também o ensino médio. O posicionamento de Feira em relação a Salvador é parecido com o de Campinas e a cidade de São Paulo. Haja vista o número de professores que ensinam, concomitantemente, na capital soteropolitana e na cidade princesa.
Sucessivas iniciativas conduziram à criação da universidade. Destacam-se a Escola Normal, o Colégio Santanópolis e a Faculdade de Formação de Professores. Na década de 30, fixa-se a liderança do professor Áureo de Oliveira Filho, na educação secundária. O pioneirismo do Colégio Santanópolis educou a juventude de Feira e atraiu jovens da região e de toda a Bahia. Se o ensino superior demorou a se interiorizar, começando a partir dos anos 60, por sua vez, a então educação secundária, ginásios e colégios, progrediu muito lentamente. O Santanópolis de Feira, o Colégio Taylor Egídio de Jaguaquara, o Ginásio Municipal de Ilhéus e o Clemente Caldas de Nazaré das Farinhas foram, pontualmente, os estabelecimentos pioneiros do ensino secundário no interior da Bahia.
O ensino médio público se concentrou em Salvador. De 1836, quando se criou o Liceu Provincial, até 1947, com o surgimento dos ginásios de bairro, contávamos apenas com um único colégio secundário público, o Colégio Central, além das escolas normais.
Antes do Santanópolis, o governo Góes Calmon instituiu a Escola Normal, em Feira de Santana. Contribuição importante para a formação de professores primários. Era prefeito Arnold Silva. A dissertação "Mestras do Sertão", de Antônio Roberto Seixas Cruz (Uefs), demonstra o desempenho profissional das primeiras normalistas.
Todavia, bem antes da Escola Normal e do Santanópolis, tivemos as escolas públicas de primeiras letras e do fundamental, no final do século XIX e início do XX, demonstração da política educacional da República positivista.
A imponência dos prédios escolares, como o Grupo Escolar J.J. Seabra, onde hoje funciona o Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), atesta a importância que foi dada à educação primária da classe média, pela administração municipal, do mesmo modo os edifícios das escolas Maria Quitéria e João Florêncio Gomes.
O Colégio Santanópolis elevou o nível intelectual da cidade e quebrou a monotonia urbana com a presença agitada e irrequieta dos ginasianos. Para tanto, Áureo Filho congregou médicos e advogados, a elite profissional.
Com a última reforma de Capanema, passou de ginásio a colégio. Inovou no ensino e estimulou a cultura municipal de diversos modos.
Poucos fizeram tanto pela educação de Feira como o professor Áureo Filho, estendendo a sua luta pelo ensino onde estivesse, em nossa Feira, em Salvador, na Assembléia Legislativa da Bahia, na presidência do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino e, principalmente, na criação da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).
Uma outra geração de professores se manifesta com a criação da Faculdade de Formação de Professores, a partir de 1968, com cursos de Letras, Estudos Sociais e Ciências.
Destaca-se a bióloga Marinita de Oliveira Menezes, filha do professor Áureo, coordenadora do primeiro Curso de Ciências fora da capital.
Formada em História Natural, especializou-se em Zoologia Animal Comparada, instalou moderno e completo Laboratório de Ciências, adquirido em uma fundação especializada em equipamentos para o ensino científico apoiada pela Unesco. Dentre os alunos formados na primeira turma, sobressaiu José Raimundo de Azevedo, orador da turma, ex-prefeito de Feira e atual secretário de Educação.
A etapa seguinte foi o da universidade, quando surgem novas lideranças, como a do professor Gil Mário de Oliveira Menezes, neto do professor Áureo, duplamente graduado em Educação Física e em Artes Plásticas. É a terceira geração da família consagrada à educação e à cultura de Feira, cada vez mais enriquecida com as suas obras de arte, especialmente, os monumentos ao Caminhoneiro e a Georgina Erismann.
Publicado no Jornal A Tarde de 03/09/2010








Monumento ao Caminhoneiro


Em homenagem aos profissionais do volante que contribuem decisivamente para o progresso e o desenvolvimento de Feira de Santana, o Monumento ao Caminhoneiro, construído pelo Governo Municipal na Praça Jackson do Amaury, foi inaugurado pelo prefeito José Ronaldo de Carvalho em 15 de setembro de 2007.
O equipamento, construído com recursos próprios do Município, é o maior dos monumentos já construídos no interior do Norte/Nordeste do país. Possui estrutura mista, metálica e em concreto armado, transpassando a Avenida Presidente Dutra, sobre a rotatória da Praça Jackson do Amaury. De arquitetura abstrata bastante moderna, criada pelo artista plástico feirense Gil Mário, remete à idéia da cabine de um caminhão e sua carroceria atravessando a pista...
Por Dimas Oliveira/jornalista, Feira de Santana, 2007

Gil Mário,"O Minotauro de Pablo Picasso", AST, 100x100 cm

domingo, 7 de fevereiro de 2010

VIAGEM MÁGICA PELAS CORES


Um dos mais importantes artistas plásticos de Feira de Santana e da Bahia na atualidade, Gil Mário de Oliveira Menezes apresenta, no Museu de Arte Contemporânea, uma viagem mágica pelo mundo das cores, que se justapõem em formas, tons e sugestões, compondo uma harmoniosa poesia, que encanta e seduz. A exposição no MAC, que foi estruturado especialmente para receber os trabalhos do artista, vai ocupar três espaços distintos, cada um explorando uma temática ou uma fase da sua trajetória.
Na primeira sala, Gil apresenta vinte telas que fazem uma retrospectiva da sua premiada carreira, mostrando a evolução do artista que trabalha as cores com maestria, sugerindo sutilmente incursões surrealistas. Os tons suaves dos primeiros anos e as formas que vão ganhando consistência com o tempo e amadurecimento do artista são os destaques.
Na segunda sala, com emoção e sensibilidade, Gil descobre a riqueza, a beleza e a dramaticidade do folclore baiano. São também vinte telas com detalhes estéticos da cultura popular, trabalhada cuidadosamente, nas figuras do vaqueiro e outros personagens típicos, dos folguedos, como bumba-meu-boi, terno de reis, reisados, a Festa de Santana, onde o sagrado, o profano e o ingênuo se unem e interagem. Também está presente o universo lúdico das brincadeiras, o pião rodopiando e a pipa flanando solta pelos ares.
Na terceira sala, Gil expõe a fase atual, brindando o público com intencionais imprecisões formais, com jogo de cores, sugerindo sensações e formas a depender da leitura de cada um. A natureza é a sua fonte de inspiração, em toda a sua explosão de vida, fertilidade e exuberância. "Pinto a vida", costuma afirmar o artista. E a vida está presente, em nuances sutis, em tons que oram se contrapõem, ora se harmonizam e se diluem, em formas e cores.
A exposição de Gil Mário é mais um exemplo da vontade política da Prefeitura de Feira de Santana, através da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, em estimular a arte em suas diversas linguagens, porque entende que cultura é elemento de identidade de um povo e valorização da cidadania.
José Ronaldo de Carvalho/ Feira de Santana, 2002

O ELOGIO DA NATUREZA



Gil Mário faz da sua identificação com a natureza a fonte primária da sua arte. Mais do que o conhecimento adquirido na observação, o que passa para a tela em sombras e cores, luz e movimento, tem a ver com amor e devoção, ao motivo que elegeu.
Vê a natureza com seu olhar de pintor, seja nas formas mais explícitas do seu figurativo meio cubista anterior, de inesquecíveis pássaros em vôo, alvos, as asas abertas confundindo-se com lençóis ao vento, postura, movimento, pés, olhos, bicos, tudo exato como na natureza. Ou seja, nessa fase atual em que a síntese prevalece e só a lógica plástica ordena a desconstrução dos elementos. O que se revela claro é ainda o seu sertão, o semi-árido, “a região mais fértil que pode haver e depois que chove, em 15 dias está toda florida e cheia de pássaros fantásticos”.
É como se uma presciência lhe desse o sentido exato dos motivos sem a necessidade de desenhá-los. A relação dialética entre os elementos plásticos: as linhas, as cores magistrais, as formas e os brancos na vegetação onde os pássaros se escondem, é atraente, equilibrada, assegurando a qualidade e preservando o encantamento da natureza nas plantas e pássaros do seu belíssimo semi-árido.

MATILDE MATOS (Salvador,2000)
ABCA - Associação Brasileira de Críticos de Arte
AICA - Associação Internacional de Críticos de Críticos de Arte